SISTEMÁTICA : INTRODUÇÃO GERAL E À CLADÍSTICA
Biologia : Biologia Geral (= Biologia Funcional)
Método- experimental
Finalidade: unidade (estruturas e processos comuns aos seres vivos)
Disciplinas: fisiologia, bioquímica, biologia molecular, biologia celular, genética
Biologia Comparada
Método: mais comparativo que experimental
Finalidade: diversidade (identificar padrões de variação)
Disciplinas: bioquímica comparada, evolução molecular comparada, biologia celular comparada, anatomia comparada, fisiologia comparada, biogeografia, embriologia, paleontologia, sistemática .
Sistemática
Objeto: biodiversidade
Definições: (1) Sistemática propriamente dita
O estudo científico dos organismos em sua diversidade, de sua evolução no tempo e no espaço e classificações traduzindo suas relações mútuas ( Dubois, Boujet, Hideux, 1984)
(2) Taxinomia ou Taxonomia
Parte da Sistemática que se ocupa das regras e dos princípios a serem usados para comunicar os resultados da análise sistemática.
(3) Biodiversidade
Variedade da vida no planeta Terra, incluindo diversidade de genes das espécies, diversidade dos processos nas espécies, diversidade das espécies nos ecossistemas e diversidade dos ecossistemas na biosfera.
Estudo das relações de parentesco : métodos moleculares (RNA, DNA, Proteínas) e método cladístico
Metas da Sistemática:
1. Buscar
descrever a diversidade
2. Tentar encontrar algum
tipo de ordem subjacente à diversidade
- Primórdios da cultura: busca intuitiva; base - semelhança geral entre os
organismos
- A partir do século XIX: conceito de ancestralidade (elemento de ordenação)
3. Compreender os
processos responsáveis pela origem da diversidade
- Final do século XVIII, início do século XIX: as espécies não são
entidades fixas.
Escolas de Sistemática
1- Sistemática evolutiva ou gradista (Huxley, Mayr, Simpson)
- Critérios: descontinuidade morfológica ( se é pronunciada os táxons
são classificados em grupos diferentes)
- Nicho adaptativo: zona adaptativa excepcional (classificação hierárquica
elevada)
- Riqueza de espécies: grupo com maior número de espécies, status mais
elevado
- Monofilia mínima: devem descender do mesmo ancestral, mas não
necessariamente compreendendo todos os descendentes.
2- Sistemática fenética ( Sokal, Cain, Sneath, Camin)
- Premissa: a filogenia não pode ser conhecida de maneira objetiva.
- Bases: utilização do máximo de caracteres para classificações baseadas no
grau de semelhança ( como fazia Aristóteles)
: técnicas matemáticas com tratamento pela informática (em parte utilizada
p[ela Sistemática Filogenética)
3. Sistemática
Filogenética ou cladística (Hennig e depois muitos outros)
- Objetivo: reconstruir a história da vida, mesmo quando só se pode contar com
os dados do presente.
- Produto final: hipótese de parentesco de diferentes táxons.
- Significado evolutivo dos caracteres: clades ou linhagens evolutivas.
Divisão da Biologia evolutiva: macroevolução e microevolução
Macroevolução: evolução em grande escala - origem de novos planos de organização, direções evolutivas, relações filogenéticas de espécies, extinção em massa e irradiação adaptativa (surgimento de várias espécies a partir de uma inicial por mudança gradual em milhões de anos)
Microevolução: alterações na constituição genética de populações naturais (mutações gênicas e mutações cromossômicas) processos de recombinação durante a gametogênese.
Conceitos de espécie: alguns dos muitos que circulam na literatura especializada.(Ver texto sobre os conceitos de espécie)
Tipológico : modelo mental, um tipo (=eidos, forma, essência da filosofia de Platão). Exemplo: "cachorro" (nem todos são idênticos, mas há numerosos caracteres em comum)
Morfológico:origina-se do conceito tipológico; morfoespécie - espécie tipológica reconhecida apenas pela morfologia (o valor dos caracteres depende da experiência e da intuição do observador).Na prática o mais utilizado pelos sistematas.
Biológico (Mayr, 1957,1963,1969,1976):
"agrupamento de populações naturais capazes de se intercruzarem e que
são reprodutivamente isoladas de outras populações"
Restrições: 1. exclusiva para reprodução biparental
2. atinge apenas populações simpátridas.
Evolutivo ( Meglitsch, 1954, Simpson,1961,Grant, 1971, Wiley, 1978): "uma linhagem única de populações formadas de ancestrais e descendentes, que mantêm sua identidade em relação às outras linhagens e que apresenta suas próprias tendências evolutivas e seu próprio destino histórico"
Especiação: formação de novas espécies ou isolamento genético.
Processos:
- Anagênese
: um caráter muda ao longo do tempo no interior de uma mesma espécie (Fatores
causais: mutação (novas raças e espécies), fluxo gênico
(restrito a populações separadas por barreiras geográficas), seleção
natural (decide sobre a sobrevivência das mutações), deriva gênica
(flutuações casuais na freqüência gênica)
- Cladogênese:
uma espécie ancestral divide-se em duas espécies filhas (Fatores causais: vicariância
e dispersão).
- Vicariância: a distribuição de uma espécie ancestral é fragmentada em duas ou mais áreas, gerando uma barreira geográfica efetiva entre as subpopulações isoladas.
Classificações biológicas
Finalidade: apresentar um sistema geral de referência sobre a diversidade biológica
Aristóteles, século IV a.C. - Intuitiva
Linnaeus, século XVIII - Systema naturae (consistente, mas
artificial)
Distinção entre classificação natural e classificação
artificial : consideração das relações evolutivas apenas na
primeira classificação.
Nomenclatura e hierarquia lineana: distinção entre táxon e categoria taxonômica.
CATEGORIA
TÁXON
Reino
Metazoa
Filo
Chordata
Classe
Mammalia
Ordem
Primata
Família
Canidae
Gênero
Canis
Espécie
Canis familiaris
Regras de Nomenclatura (Código internacional de
nomeclatura zoológica, versão 2000)
Finalidade e Objetivos
Exemplos de regras:
O nome dos animais deve ser escrito em latim ou idioma latinizado. Canis familiaris
Todo animal deve ter, pelo menos, dois nomes, o primeiro referente ao gênero e o segundo à espécie. É o sistema binominal criado por Linnaeu. Musca domestica
O nome do gênero deve ser escrito com inicial maiúscula e o nome da espécie deve ser escrito com inicial minúscula. Geodia papyracea
Quando a espécie tem nome de pessoa, é indiferente utilizar inicial maiúscula ou minúscula. Trypanosoma Cruzi ou Trypanosoma cruzi.
O nome dos animais deve ser em destaque (itálico ou negrito)
Deve-se usar sempre o primeiro nome com o qual o animal foi descrito, mesmo que esteja errado.Branchiostoma lanceolatus(primeira designação) e não Amphioxus lanceolatus (designação posterior, para corrigir o fato das saliências em torno da boca não serem brânquias como indica o nome do gênero)
Em trabalhos científicos, depois do nome da espécie, coloca-se o nome do autor que o descreveu seguido de vírgula e data; se houve modificação na descrição original de uma espécie, autor e ano aparecem entre parênteses.
Sistemática Filogenética ou cladística (Hennig e depois muitos outros)
Definição: método particular de formular hipóteses explícitas e testáveis sobre as relações de parentesco entre organismos.
Pressupostos do método:
(a) Todos os grupos supra-específicos verdadeiros são oriundos de uma única espécie ancestral (monofilia)
(b) A biodiversidade foi produzida pela cladogênese e modificação de caracteres.
(c) Possibilidade de reconhecimento das mudanças no caracteres ao longo do tempo em grupos ou linhagens.
Por que o método cladístico é importante para os biólogos?
Prediz as propriedades de organismos. Exemplo: possíveis genes e compostos biológicos particulares importantes no tratamento de doenças;
Ajuda o esclarecimento de mecanismos de evolução: teste de hipóteses sobre adaptação, há muito estabelecidas (ecologia histórica)
Útil na criação de sistemas de classificação: reconhece e emprega a teoria evolutiva.
Auxilia a deduzir as relações históricas entre áreas geográficas (vicariância)
O que usar na reconstrução filogenética?
Caracteres = evidência presente na história evolutiva de uma espécie
Como analisar este caracteres? Através da similaridade de caracteres homólogos
O que é homologia?
Caracteres originados da mesma estrutura derivada, i.e., indicam uma descendência comum.(monofilia)
(Monofilia, polifilia, parafilia e merofilia: definições)
Quais são os critérios para reconhecimento de homologias?
Similaridade de posição topográfica : Por exemplo, os 3 ossículos do ouvido médio dos mamíferos são reconstruções de elementos do crânio visceral dos peixes.
Similaridade especial: estrutura, ultraestrutura, composição química e embriologia (reforça ou rejeita homologias)
Continuidade através de formas intermediárias
Todas as homologias são informativas?
Apenas caracteres especiais comuns ou caracteres derivados homólogos compartilhados ( SINAPOMORFIAS) podem servir de evidência de ancestralidade comum.
Qual é fonte primária de informação para a Sistemática ?
Semaforontes: determinado período na vida dos organismos, já Holomorfo é o conjunto de todas as características morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, comportamentais.
Polarização de caracteres: direção atual da mudança evolutiva
Caráter: qualquer atributo reconhecível de um
organismo. Exemplo: "cor dos olhos
Ëstado de caráter: o valor do caráter. Exemplo: "azul"
Como saber se um caráter é original (plesiomórfico) ou derivado (apomórfico)?
- Se um caráter está presente no grupo em estudo (Grupo interno) e em outro grupo evolutivamente próximo (grupo externo), inicialmente se aceita que eles compartilham tal caráter por terem herdado os caracteres de um ancestral comum. A polaridade pode ser deduzida por:
Um estado de caráter presente no início do desenvolvimento e perdido posteriormente
Um estado de caráter presente em organismos da mesma linhagem no início da história da Terra
Comparação com um grupo externo: comparação com um hipotético grupo-irmão.
Resultado da análise cladística: cladograma, que apenas representa uma hipótese para evolução de caracteres e possíveis parentescos.
Minimizando conflitos nos cladogramas: noção de parcimônia (menor número de homoplasias)
Cladograma x árvore filogenética : distinção pela presença do tempo na segunda forma de representação.
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