Protozoários simbiontes de invertebrados

Introdução:

O sentido de simbiose aqui utilizado refere-se à associação de dois organismos diferentes, seja qual for a relação entre ambos: mutualismo, comensalismo, parasitismo. Entre os protozoários existem várias formas que mantém relações de simbiose com vertebrados, invertebrados, plantas ou até mesmo com outros protozoários.

São muitos os artrópodes que abrigam protozoários, principalmente no tracto digestivo, sejam como parasitos, comensais e mais raramente em relação mutualística. No tubo digestivo de baratas, por exemplo, podem ser encontrados flagelados, amebas e gregarinas e nos cupins a presença de flagelados parece ser obrigatória, pois estes insetos não possuem as enzimas necessárias à degradação da celulose que ingerem.

Nas vesículas seminais de minhocas, espécie de bolsas para maturação dos gametas, freqüentemente são encontradas gregarinas e/ou estádios do ciclo de vida.

Em nosso litoral, particularmente em ambientes expostos às ondas, é comum a presença numerosa de ouriços-do-mar (=pinaúnas) da espécie Echinometra lucunter, os quais podem abrigar simbiontes no líquido celomático.

Nesta aula os alunos devem formar equipes e seguir cuidadosamente o procedimento indicado , para bem realizar a pesquisa de simbiontes em um dos filos -Annelida, Arthropoda ou Echinodermata.Cada equipe trabalhará apenas com um tipo de animal e os resultados compartilhados por toda a turma. Recomendamos a utilização de minhocas vendidas juntamente com húmus.

Objetivos:

Material de apoio:

lupa placa de contenção água do mar
microscópio vidro de relógio éter
tesoura campânula soro fisiológico 0,6%
estilete cristalizador álcool 10% ou clorofórmio a 1%
pinça placa de Petri c/ parafina algodão
bisturi lâminas e lamínulas papel toalha
alfinetes pipetas de Pasteur lápis e papel
luvas cirúrgicas (p/ dissecção de barata) mentol bibliografia indicada

Material de estudo:

Exemplares vivos de barata ( Periplaneta americana), de cupim ( espécies regionais ainda sem determinação), miriápodo ( Polydesmus ou Glomeris, este último conhecido como gôngulo), Pheretima sp.( = minhoca louca) ou Pontoscolex corethrurus, minhoca dos trópicos bastante comum no Brasil, de ouriços de nossas praias ( Echinometra lucunter, Eucidaris tribuloides, Lytechinus variegatus)

Procedimentos:

BARATA

I. Colocar o animal sob uma campânula de vidro com um chumaço de algodão embebido em éter ou clorofórmio, por um período de 20 a 30 minutos.

II.Retirar as patas do animal anestesiado, cortando-as na altura das coxas

III.Segurar a barata entre os dedos polegar e indicador, introduzir a ponta da tesoura na região anal e fazer uma incisão ao longo do bordo lateral direito, até a base da cabeça.

IV.Fixar, com alfinetes, na placa de contensão, com a face dorsal voltada para cima

V. Levantar cuidadosamente o tegumento dorsal com uma pinça, separando-o dos órgãos adjacentes, operando de trás para diante até afastá-lo completamente para a esquerda, e fixá-lo com alfinetes.

VI.Retirar a massa esbranquiçada- tecido adiposo - que preenche a cavidade abdominal, para facilitar a observação dos órgãos.

VII.Retirar cuidadosamente todo o tubo digestivo e seccioná-lo na altura do papo e da região anal.

VIII.Colocar o tubo digestivo em uma placa de Petri contendo soro fisiológico, cortá-lo nas regiões anterior, média e posterior do intestino, e separar cada porção em um recipiente com soro fisiológico.

IX. Dissociar cuidadosamente com agulhas ou estiletes, a fim de escorrer o conteúdo.

X. Preparar lâminas referentes a cada porção do intestino

XI.Observar ao microscópio, desenhar as formas encontradas e identificar com o apoio da bibliografia indicada.

- CUPIM -

A pesquisa de simbiontes nestes animais dispensa anestésico, pois os protozoários também sofrem o efeito dele, provavelmente pelo tamanho reduzido do hospedeiro. Portanto, é suficiente: I. retirar o tubo digestivo puxando a cabeça com uma pinça; II.colocar sobre lâmina contendo soro fisiológico; III. macerar com agulhas, cobrir com lamínula e observar ao microcópio; IV. identificar os táxons com o auxílio da bibliografia indicada.

- MIRIÁPODO -

I. Colocar o animal sob um cristalizador e anestesiá-lo com éter em algodão.

II. Cortar a cebeça e a extremidade posterior e com uma pinça puxar o tubo digestivo.

III.Transferir o tubo digestivo para um vidro de relógio com soro fisiológico, dissociar o material com dois estiletes e emulsionar o conteúdo.

IV. Fazer as montagens e observar ao microscópio.

V. Desenhar as formas encontradas e identificar os táxons com o auxílio da bibliografia indicada.

- MINHOCA -

I. Anestesiar o animal com a solução de clorofórmio a 1%, durante 1 minuto ou mais.

II.Transferir o animal para uma placa de contensão, observar comparando com   figura em livro, e localizar o clitelo.

III.Colocar o exemplar com a extremidade anterior dirigida para a frente, o dorso para cima e prender com alfinetes na região da probóscide e um pouco atrás do clitelo.

IV.Cortar o tegumento, seguindo a linha mediana dorsal, tomando cuidado para não danificar as estruturas internas.

V.Rebater o tegumento para os lados, prender com alfinetes e cobrir a preparação com água de torneira; reconhecer as diversas estruturas da morfologia interna.

VI.Localizar as vesículas seminais, que são dois pares de vesículas volumosas branco-amareladas, situadas nos segmentos XI e XII.

VII.Retirar cada vesícula , dispor sobre lâmina com soro fisiológico a 0,6%, cobrir com lamínula e comprimi-la delicadamente.

VIII. Observar ao microscópio, desenhar as formas encontradas e identificar estruturas, estádios e táxons do protozoário, com o apoio da bibliografia indicada.

- OURIÇO-DO-MAR -

I. Observar o animal e localizar a membrana peristomiana.

II. Dispor sobre a membrana cristais de mentol, para anestesiar.

II.Cortar a membrana, próximo ao bordo de ligação com as placas do esqueleto.

III.Retirar com uma pinça a "lanterna de Aristóteles" e seccionar o intestino.

IV.Esvaziar o conteúdo do intestino numa placa de Petri contendo água do mar e preparar lâminas, numerando-as.

V. Colher o líquido celomático disperso na concha, preparar lâminas e numerá-las.

VI. Observar os protozoários, fazer desenhos esquemáticos e identificá-los com o apoio da bibliografia indicada.

VII. Anotar as características do táxon identificado.

BIBLIOGRAFIA INDICADA

KUDO, R.R. Protozoologia. Traducido por Aristeo Acosta Carreon. México: Continental, 1985. 905 p. il. (com muitas ilustrações e diagnoses de protozoários)

JAHN, T.L., BOVEE, E.C., JAHN, F.F. How to know the Protozoa. 2. ed. The Picture Key Nature Series Iowa. s.l. 1980.(com ilustrações e diagnoses de protozoários).

RODRIGUES,S. de A. Zoologia: espectro e perspectiva do reino animal. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1982. 299p ( ótimo apoio para entender a morfologia dos invertebrados em estudo, exceto cupim).

Solange Peixinho


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