TÉCNICAS PARA ESTUDO E REDAÇÃO
Solange Peixinho
1.1. Como Estudar
Uma boa parte do conteúdo de Ciências Biológicas é transmitido sob a forma de aulas expositivas, no entanto a real aquisição de conhecimento pelos estudantes requer muita leitura, uma vez que além da média das pessoas só ser capaz de absorver 10% daquilo que ouve, a experiência pessoal de busca de informação é imperativa. Muitas técnicas já foram desenvolvidas para uma leitura rápida, sem que haja perda de significado ou informação, sendo bastante conhecido o método de leitura dinâmica. No entanto, três elementos são fundamentais em qualquer uma delas: compreensão, memorização e assimilação.
O elemento compreensão requer, por exemplo, buscar num dicionário o significado de toda palavra que não se conheça ou cujo sentido não seja possível apreender do próprio texto. Uma diferença fundamental entre leitura e estudo é a postura de questionamento diante de cada conjunto completo de idéias, ou de novos conceitos.
No processo de memorização o importante é aprender as idéias que são transmitidas pelas frases e a terminologia própria a cada tema. Já assimilação implica que o conhecimento também deve ser criativo. Ou seja, o estudante deve dominá-lo até que seja capaz de expressá-lo de uma maneira própria.
Embasado nestes elementos, SALOMON (1979) dá os passos para o método de estudo denominado "Global, Parcial, Global".
Fase 1. Global
As principais atitudes requeridas nesta fase são: curiosidade, interesse, propósito definido e atenção. Deste modo, é necessário fazer uma leitura rápida do texto, apenas para se informar e esboçar o plano do mesmo.Se encontrar idéias importantes, detalhes de valor, coloque à margem um sinal, pois será útil na etapa seguinte.
Fase 2. Parcial
Nesta etapa , uma nova leitura, mais demorada é necessária na reflexão sobre o conteúdo do texto. Em cada parágrafo identificar a idéia principal e assinalar à lápis, os termos essenciais relativos à idéia principal, bem como detalhes importantes, termos técnicos e definições.Num texto bem escrito, só cabe uma idéia em cada parágrafo.
As anotações devem ser breves e claras, usando suas próprias palavras e anotar esquemas e dados numéricos. Sintetizar o assunto, escrevendo as conclusões obtidas e eventualmente análises, relações com outros assunto e críticas pessoais.
As atitedes para esta fase são: concentração, análise, crítica, síntese, sistematização e ordenação lógica.
Fase 3. Global
Rever as anotações comparando-as com o texto e repetir para si mesmo o que aprendeu, imaginando que o está comunicando a outra pessoa, com clareza e seqüência lógica. Testar a memória para assegurar-se de que não esqueceu algo importante.
As atitudes essenciais nesta fase são; concentração, persistência e adaptação às situações reais.
Para finalizar este tópico, é importante considerar as diferenças individuais no processo de aprendizagem, pois apreendidos os elementos básicos de uma técnica, cabe a cada interessado fazer os ajustes adequados às suas próprias características. Afinal, a técnica não traz a compreensão, mas a compreensão traz a técnica.
1.2. Busca de informações
Além da pesquisa em base de dados bibliográficos disponíveis nas bibliotecas de várias universidades, inclusive na página principal da UFBA, pesquisas bibliográficas de artigos científicos são feitas em catálogos, como o Biological Abstracts, Zoological Recors e Current Contents. Um outro recurso faz-se através de sistemas, por exemplo Bireme, fornecendo-se palavras chaves, ou pelo Medline (mais voltado para a área médica). Para utilização deste recurso, já disponível na Internet, é necessário se cadastrar e pagar uma certa quantia para se tornar usuário do mesmo. Novas ferramentas estão sendo disponibilizadas a cada dia, e na UFBA, além da base de dados que contém livros, dissertações, monografias e similares, é possível acessar o portal de periódicos, onde artigos completos podem ser obtidos. Para mais ferramentas de busca, clique aqui.
Uma vez de posse das referências bibliográficas, resta a obtenção dos artigos. Para tal é possível solicitar diretamente aos autores, via correio normal ou eletrônico, consultar o portal de periódicos da CAPES e consultar as bibliotecas integrantes do sistema COMUT.
Quanto à leitura e seleção de idéias nas fontes bibliográficas obtidas, além de um bom método de estudo, como o Global-Parcial-Global aqui descrito, um suporte de fundamental importância é a elaboração de fichas. Em primeiro lugar, a do próprio levantamento bibliográfico referente a um assunto, onde se inscreve o nome do autor, título e demais informações bibliográficas (ver orientações logo abaixo), incluindo sua localização, depois há a ficha de citações de autoridades reconhecidamente competentes no tema, que além de darem credibilidade às suas argumentações, constituem também o modo mais rápido de recolher citações, particularmente quando a consulta sópode ser feita na biblioteca. Finalmente a ficha de leitura, que deve ser um resumo da obra analisada, mas que precisa das seguintes informações adicionais:
indicação bibliográfica precisa
informação sobre o autor
citações literais do que vai ser utilizado
Comentários pessoais
alguma indicação sobre o tema da ficha de leitura.
1.3. Tratamento de informações
Na elaboração de uma apresentação escrita ou oral, o autor terá que considerar as seguintes etapas:
Definição do objetivo da comunicação
Busca e seleção das informações sobre o assunto em questão
Classificação das informações obtidas em tópicos afins
Ordenação das idéias, em função do objetivo previamente estabelecido.
Estas etapas são fundamentais na elaboração do plano para a redação de qualquer texto, procedimento freqüentemente ignorado por muitos estudantes. Para ilustrar, apresento um conjunto de idéias, sobre um tema bastante amplo "Introdução à Zoologia", previamente selecionadas em diferentes fontes bibliográficas, para que o estudante se exercite nas duas últimas etapas.
Exercício: reconstrução do texto "Introdução à Zoologia"
Identificar idéia (s) que constituam parte da introdução
Agrupar idéias afins e dar subtítulos aos grupos encontrados para construir o corpo do texto
Ordenar as idéias dentro de cada agrupamento
Completar o texto referente à introdução
Escrever uma conclusão.
1. A noção de continuidade, ou seja, todas as formas derivam
uma das outras, mostra a existência de continuidade entre a organização a
mais elementar e a mais complexa, cujas provas são fornecidas principalmente
pela citologia, biologia molecular e pela paleontologia.
2. Certos gêneros de anelídeos constituem índices muito característicos de
ambientes poluídos, sendo encontrados em quase todas as águas que recebem
despejos orgânicos, especialmente esgotos domésticos: Tubifex e Limnodrylus,
são gêneros clássicos na biologia da poluição
3. Do ponto de vista químico, todo animal, independentemente do seu grau
evolutivo, tem dois constituintes fundamentais: os ácidos nucléicos (DNA, RNA)
e as proteinas. O DNA que contém toda a informação genética da célula, é
formado por apenas 4 elementos (adenina, timina, citosina e guanina) e a
combinação de 3 desses elementos conduz sempre ao mesmo aminoácido. Existem
apenas 20 aminoácidos a partir dos quais são sintetizadas todas as proteinas.
4. Na organização tecidual, um grupo de células similares desempenham uma
função comum. Cnidários e ctenóforos são exemplos deste nível e um
excelente exemplo de tecido é a rede nervosa, cuja função é de
coordenação.
5.Na atualidade não há consenso quanto à classificação dos microorganismos
eucariotos. As classificações tradicionais baseadas nas dicotomias entre uni e
pluricelularidade e entre autotrofia e heterotrofia começam a perder seu valor
frente às novas hipóteses de relações filogenéticas entre os diversos
grupos de protitas, algas e certos fungos.
6. O conceito evolutivo de espécie afirma que são populações com uma única
linhagem ancestral-descendente que mantém sua identidade distinta de outras
linhagens e que tem suas próprias tendências evolutivas e o mesmo destino
histórico.
7. Em biologia, o termo espécie refere-se a grupo de organismos individuais que
ocorre naturalmente e representa a unidade básica da evolução, mas também à
categoria hierárquica criada por Lineu.
8. Diferentemente do conceito biológico de espécie, o conceito evolutivo
aplica-se tanto às formas que se reproduzem sexuadamente como àquelas que o
fazem por via assexuada.
9.Certamente o estudo da zoologia aplicada nos ajuda a entender os assuntos
relacionados à destruição ambiental e poluição, extinção de
espécies, engenharia genética, fertilização in vitro, os riscos
da radiação, sendo a Zoologia também importante na formação não apenas de biólogos, mas também de médicos,
veterinários e sanitaristas, entre outras profissões.
10. As manipulações genéticas mostram que todas as células vivas têm a
mesma leitura de uma informação genética e executam a mesma ordem.
11. Na atualidade ignoramos o número exato de espécies animais vivendo na
superfície do globo terrestre, mas o número já recenseado é da ordem
de 2.500.000. Esta extrema diversidade impõe uma classificação, que
corresponde a uma necessidade prática
12. A classificação deve traduzir uma realidade evolutiva, a qual está
baseada em dois princípios fundamentais da evolução: a continuidade e
o phylum.
13. Existem cerca de 34 filos atuais de metazoários, incluindo CICLYOPHORA,
parasito da boca de lagosta e MYXOZOA, atualmente entre os cnidários. Nos filos
podemos reconhecer 4 principais grupos de organização : celular, célula-tecido,
tecido-órgão e órgão-sistema.
14. Diversos gêneros de anelídeos poliquetos, assim como de esponjas,
cnidários, ascídias, entre outros têm sido citados na literatura
científica como indicadores e/ou biomonitores de ambientes marinhos.
15. Os humanos e outros animais compartilham um plano morfológico e funcional
apesar das diferenças na complexidade estrutural. Esta uniformidade essencial
de organização biológica deriva do ancestral comum e de seu plano básico de
construção celular.
16. Muitas larvas de insetos que se desenvolvem na água são transmissores dos
parasitos causadores da malária, febre amarela, dengue, etc.
17. Quando os órgãos trabalham juntos para desempenhar uma função, temos o
mais elevado nível de organização - órgão-sistema. Os sistemas são
associados com as funções corporais básicas: circulação, respiração,
digestão, entre outras. Este tipo de organização existe desde os nemertinos
até o homem.
18. A Paleontologia traz argumentos à continuidade da organização revelando
formas de transição entre diferentes tipos de organização.
19. Como o conceito biológico de espécie pode ser de difícil
aplicação no tempo e no espaço e porque exclui todas as formas que se
reproduzem assexuadamente, foram propostos conceitos alternativos, como o
evolutivo e o filogenético.
20. Numa situação atual de fluidez filogenética, taxinômica e nomenclatural
os protozologistas reivindicam, como sendo material de sua exclusiva
competência os eucariotos inferiores tipicamente móveis, microscópicos,
unicelulares, plasmodiais ou coloniais, fagotróficos, incolores, sem parede
celular na fase trófica, de vida livre ou simbionte, ou seja. protozoários sensu
stricto.
21. A organização celular é um agregado de células que são funcionalmente
diferenciadas. A divisão de trabalho é evidente, pois há células que se
ocupam da reprodução enquanto outras se ocupam da nutrição, mas com pouca
tendência para formar tecidos. As esponjas (filo Porifera) são colocadas neste
nível.
22. Uma espécie biológica é definida como uma comunidade ou populações
reprodutivamente isoladas umas das outras que ocupam um nicho específico da
natureza.
23. A reunião de tecidos em órgãos propiciam funções mais especializadas e
o aparecimento deste nível ocorre pela primeira vez no grupo que inclui as
planárias (filo Platyhelminthes), onde já há tracto digestivo e sistema
reprodutivo.
24. Uma revolução na classificação dos Protista está em curso,
principalmente após a extensão do conceito de homologia ao nível molecular e
o surgimento de suporte teórico às hipóteses de filogenia, mas é necessário
o desenvolvimento de métodos filogenéticos mais objetivos , acompanhados de um
correspondente desenvolvimento das ferramentas computacionais adequadas.
1.4. Formato da Redação
Todo texto deverá ser organizado em três secções distintas:
introdução, corpo e conclusão. O relato de levantamentos bibliográficos e
leituras, que não exigem o apoio de observações pessoais, será redigido como
um ensaio, e como artigo científico aquele referentes a observações e/ou
experimentações pessoais. Ambos contêm as mesmas três partes, mas há certas
particularidades quanto à seqüência dos elementos que constituem o corpo de
um relato técnico-científico, as quais serão a seguir apresentadas.
De um modo geral, a introdução tem três finalidades básicas: atrair a atenção do leitor ou ouvinte, situar o assunto e anunciar o plano da apresentação, enquanto na conclusão de ensaios, o assunto deve ser brevemente recapitulado e colocado à luz de possibilidades futuras. O item conclusão em artigos científicos tem um outro conteúdo, o qual será exposto mais adiante. Já a organização do corpo do texto deve ser feita em função do objetivo fixado ou seguindo a ordem indicada por regras específicas de relatórios, artigos e similares, a exemplo daquelas ditadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), geralmente disponíveis nas bibliotecas universitárias.
1.4.1. Redação técnico-científica
Um trabalho prático realizado em classe geralmente está dividido nos seguintes tópicos:
Título
Introdução
Materiais e métodos
Resultados
Discussão
Conclusões
Num projeto, que é um trabalho prático mais longo, o relatório contém mais partes:
Título
Prefácio
Sumário
Introdução
Materiais e métodos
Resultados
Discussão
Conclusões
Resumo
Referências, literatura citada ou bibliografia.
Lista de tabelas e figuras
Apêndice
Título
O título é colocado na primeira página ou capa e também na folha de rosto. Na primeira, além do título deve constar o nome do autor, local e data de conclusão, enquanto na segunda repete-se o título, eventualmente subtítulo, nome completo do autor, com seus títulos acadêmicos logo abaixo, além do nome da Instituição, Unidade e Departamento, quando couber, local e data de conclusão.
Prefácio
Neste item informa-se sobre os objetivos do trabalho, seu conteúdo e limitações do mesmo, menciona-se a assistência recebida durante a execução do trabalho, bem como faz-se os agradecimentos, que além de habitual, é de bom tom. Agradecimentos normalmente são incluídos em tarefas longas, como projetos extra-classe realizados ao longo de disciplinas, monografias, dissertações e teses.
Sumário
Devem figurar todas as secções e eventualmente as subsecções, na ordem em que aparecem no relatório, juntamente com o número Arábico das páginas .
Introdução
Esta secção deve conter informações gerais sobre o assunto, os motivos e a relevância do trabalho, os objetivos propostos e uma exposição resumida do seu conteúdo. Ocasionalmente pode haver um item de objetivos, mas geralmente eles são incorporados à introdução. Geralmente é incluída uma breve revisão da literatura específica.
Recomendo escrever a introdução quando estiverem prontas as secções metodologia, resultados e conclusões.
Materiais e Métodos
A palavra materiais refere-se ao objeto de estudo , enquanto métodos englobam a descrição das técnicas utilizadas, as quais naturalmente implicam o uso de aparelhos e outros instrumentos. Esta secção deve ser breve, mas com detalhes suficientes para a repetição do experimento por outras pessoas. No caso de trabalho feitos no campo é importante incluir uma descrição do local de estudo que pode ser colocada em uma subsecção ou uma nova secção.
Resultados
Esta secção inclui uma descrição clara do que foi observado, sem comentários nem interpretações pessoais. Os resultados podem ser quantitativos e/ou qualitativos e portanto freqüentemente precisam ser apresentados sob forma de tabelas e figuras. A palavra figura inclui gráficos, mapas, desenhos, fotos, que são numerados em números arábicos, na ordem em que são citados no texto. As legendas devem ser explicativas e colocadas no topo de tabelas e na parte inferior de figuras.
Devem também ser relatados nesta secção, eventos que foram relevantes, tais como, dados inesperados, erro na utilização de técnicas, mudanças no emprego dos métodos, incidentes que chegaram a desviar o rumo da pesquisa, particularmente em relatórios, teses e afins.
Nunca selecione ou elimine dados para dar a aparência desejada, pois este é um procedimento inaceitável, por ser desonesto.
Discussão
Aqui os resultados são expostos num contexto mais amplo, pois compara-se os próprios resultados com os de outros similares. Artigos publicados em periódicos científicos freqüentemente agrupam resultados e discussão em uma única secção.
Conclusões
Diferentemente de um ensaio, no caso de um relato de experimento pessoal, as conclusões não repetem os resultados, mas descrevem o que eles mostram e o que pode ser derivado deles. Contudo é importante referir-se a um resultado específico quando se quer dar suporte a uma idéia. Dicas para a redação deste tópico são dadas em White (1991), as quais são resumidas a seguir:
Refira-se apenas aos seus próprios resultados, pois você já os comparou com de outros cientistas na secção "Discussão".
Mostre a relação de seus resultados com os objetivos do estudo.
Exponha seus resultados em termos de fidedignidade e fontes de erro.
Nunca ignore resultados negativos.
Resumo (= Abstract)
Só deve ser elaborado após a redação das conclusões , pode ser colocado depois do sumário e deve conter o enunciado do problema, métodos empregados na manipulação dos experimentos, principais descobertas e as conclusões, na ordem em que aparecem no corpo do texto. Ele deve conter um número limitado de palavras, geralmente não mais que 200 ou 300.
Referências, Literatura Citada ou Bibliografia.
Há sempre no final do trabalho uma lista das fontes de informação utilizadas no mesmo. Chama-se referências bibliográficas ou literatura citada a lista de todos os autores citados no texto e o termo bibliografia refere-se à existência de informações sobre a obra, além dos detalhes da publicação em si. Em trabalhos de classe recomendo nomear "fontes de consulta" ou "referências selecionadas" como título para este tópico, caso os autores não tenham sido citados nas diferentes secções.
As referências podem ser citadas no texto por autor e ano, forma usada em teses e similares e na maioria das revistas biológicas, ou por número, muito usado em artigos sobre química. Neste último caso a listagem de referências segue a ordem numérica e não a alfabética, como no primeiro.
As citações no texto devem ser pelo sobrenome do autor, escrito em letras maiúsculas ou caixa alta, seguido do ano entre parênteses.Caso um mesmo autor tenha várias publicações em um mesmo ano, acrescentar letras minúsculas (a-z).Até três autores, todos os sobrenomes são citados, sendo que a separação do último é feita pelo símbolo & e os demais por vírgula ou ponto e vírgula. Quando um trabalho tem mais de três autores, ao nome do primeiro autor adiciona-se et al., em itálico.No entanto, deve-se fazer a citação completa na lista bibliográfica.
Além dos trabalhos publicados, também podem ser citados no corpo do texto, artigos aceitos para publicação, artigos submetidos, mas sem terem atingido a fase de publicação, artigos em elaboração e até mesmo fontes não bibliográficas, como palestra, conversa, carta e E-mail. No primeiro caso, seguir as orientações para livros ou periódicos fornecidas abaixo, substituindo o ano da publicação pela expressão "no prelo", para a segunda condição,esta expressão deverá ser substituída por "Inédito" e "em fase de elaboração" para a situação seguinte. Os autores citados nstas três situações podem integrar a lista final, no entanto o mesmo não se aplica às fontes não bibliográficas, que além disto seu uso requer prévia permissão do autor. Finalmente é bom lembrar: deve ser citada a fonte de qualquer informação utilizada.
A construção da lista bibliográfica, em ordem alfabética e cronológica, quando há mais de um trabalho de um mesmo autor, deve seguir as normas fixadas pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (freqüentemente modificadas), disponíveis nas bibliotecas. Ressalto, no entanto, que tais normas raramente são seguidas corretamente por autores de livros e artigos científicos, nacionais ou estrangeiros. Comprove esta afirmativa comparando as listas de artigos publicados na Revista Brasileira de Biologia, Revista Brasileira de Zoologia, Iheringia ou Marine Biology, com os exemplos que seguem abaixo. No caso de artigo para publicação a regra é escrever segundo as normas da revista escolhida.
Na lista de autores a palavra que inicia a segunda linha é sob a terceira letra do nome do autor, em toda a lista, seja livro, tese e similares ou artigo em periódico.
Geralmente trabalhos publicados sob a forma de resumos em eventos não são citados em artigos, contudo nada impede de que o sejam em teses, dissertações, monografias e relatórios. Deste modo, incluímos um exemplo nas orientações que seguem:
Comunicações em Congressos: sobrenome em letra maiúscula, iniciais dos prenomes. Título da comunicação. In: Título do Encontro em letras maiúsculas, local. Título da publicação em negrito. Local: editor, volume, ano, página inicial e página final.
CERQUEIRA, W.R.P. Distribuição das comunidades de Echinodermata ao leste da Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil In: XII ENCONTRO DE ZOOLOGIA DO NORDESTE, Feira de Santana. Resumos, Feira de Santana: Sociedade Nordestina de Zoologia e Universidade Estadual de Feira de Santana, 1999, p.355.
Livros : último sobrenome do (s) autor(es) seguido da (s) inicial (ais), título grifado (ponto), subtítulo, se houver, número da edição (exceto a primeira), local de publicação (dois pontos), editora (vírgula), ano (ponto), número total de páginas seguido da apreviatura p.ou de volumes seguido da abreviatura v., indicando a existência de ilustrações pela abreviatura il. Na citação de capítulos de livros, o modelo é o que segue logo abaixo do primeiro exemplo.
QUICKE, D.L.J. Principles and techniques of contemporary taxonomy. Glasgow: Chapman & Hall, 1993. 311p
MARGALEFF, R. Ecologia. Barcelona: Omega, 1989. 1977 p. il. Cap. 3: Ecologia descritiva, p. 324-343.
Livro com capítulos escritos por autores diferentes: além dos autores, o livro tem um editor; nesta situação a ordem é a seguinte: último sobrenome do (s) autor (es) do capítulo e iniciais, título do capítulo; escrever In: seguido do(s) nome(s) do(s) editor(es), título do livro grifado, local de publicação, editora, ano, número de páginas, número do capítulo (se houver) e páginas do capítulo.
HOTCHKISS, F.H.C. Ophiuroidea (Echinodermata) from Carrie Bow Cay, Belize. In: RÜTZLER, K., MACINTYRE, Z.G.(Eds.) The Atlantic barrier reef ecossystem at Carrie Bow Cay, Belize, I. Structure and communities. Washington: Smithonian University Press., 1982: 937 p., p.420-423.
Teses, dissertações e similares: nome do autor e inicial (ais), título sem grifo, local, ano (ponto), número de páginas, il. (ilustrações se houver) grau obtido, área do conhecimento, instituição acadêmica (ponto) ano.
GOUVÊA, E.F. Estágios de desenvolvimento pós-embrionário de Thermocyclops minutus (Lowndes) e de Notodiaptomus conifer (Crustacea, Decapoda) da lagoa do Abaeté (Salvador, Ba.). São Paulo, 1978. 138 p. il. Doutorado em Ciências, Área Zoologia - Universidade de São Paulo. 1978.
Artigo em periódico: sobrenome do(s) autor (es) e inicial(ais), separados por ponto e vírgula no caso de mais de um autor, título do artigo, nome da revista em negrito, volume e número, paginação e ano.
KERR, W.E. A ciência vai à roça. Ciência Hoje. v. 6, n. 31, p. 30-35. 1987.
Textos obtidos na internet: sobrenome do (s) autor (es) e inicial (ais),separados por ponto e vírgula no caso de mais de um autor, título do texto ou artigo, editores (se houver), título do hipertexto (se houver) grifado, e em negrito o endereço seguido da data da consulta, como no exemplo abaixo:
BRAVO, F. Filogenia dos seres vivos. In: PEIXINHO, S.; ROCHA, P. (Eds.) Vida: Diversidade e Unidade. http://www.ufba.br/~qualibio/003.html (capturado em 21 maio de 1999)
Certas abreviaturas são usadas em artigos e livros científicos, a exemplo de et al., ( do latim et alia, significando "e outros"), op. cit., ( do latim opere citato, "no trabalho citado") e Ibid. (ibidem, significado em latim, "no mesmo lugar"), todas sublinhadas ou em itálico.
Op. cit. é usado quando se faz referência a um autor, já mencionado anteriormente no mesmo texto. Já a palavra Ibid., pode ser usada na lista de referência se as citações consecutivas têm a mesma fonte, ou seja, foram publicadas na mesma revista mas em páginas diferentes.
1.5. Estilo da Redação
Para a redação como um todo sugiro a consulta ao livro de REY (1972) e em particular o trecho relativo às recomendações quanto ao estilo:
Recomenda-se expor os resultados no passado, usando-se o presente para as generalidades.
O uso excessivo da voz passiva diminui a clareza e deixa indeterminado o autor da observação, portanto, sempre que possível use a voz ativa.
Evite frases e abreviaturas que nada informam, como por exemplo "etc.", "entre outras coisas".
Não esconda resultados sob frases tímidas.
1.1.6. Apresentação oral
A participação de discussões em grupo, como por exemplo, seminários, é uma prática já bastante comum entre os estudantes de Ciências Biológicas, por isto incluo algumas "dicas" para uma boa exposição oral.
Naturalmente que a etapa de preparação inclui busca e tratamento de informações, bem como redação de texto e suporte visual para apoiar a comunicação verbal. Uma palestra geralmente é dividida em introdução, corpo, conclusão, período para questões, e o tempo de apresentação, que em trabalhos de classe, situa-se entre 15 e 30 minutos; portanto é necessário ajustar o conteúdo da palestra ao tempo.
Perante a audiência a comunicação não verbal é tão importante quanto a verbal e as sugestões listadas a seguir, podem ser de grande utilidade.
Exponha o assunto para todos, de preferência em pé, não para o professor ou um único colega, mas de tempos em tempos dirija-se a algumas pessoas, em diferentes partes da sala.
Fale de modo claro, lento e razoavelmente alto, sem excesso de gesticulação, explicando sempre qualquer termo científico pouco conhecido.
Particular atenção deve ser dispensada a vícios de linguagem, com por exemplo, repetição da mesma palavra no final de frases : "não é?" , "entendeu"?
Ao dar uma informação errada, seja honesto e corrija; nunca tente esconder, esperando que os ouvintes não tenham percebido.
Pode ser complementar ao presente texto, apresentação oral, uma consulta à "Anatomia de uma apresentação" ( Escola Paulista de Medicina)
Referências
ECO,U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1998. 96p.
REY, I. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgard Blücher-EDUSP, 1972. 128p.
SALOMON, D.V. Como fazer uma monografia. Elementos da metodologia do trabalho científico. 6a. edição, Belo Horizonte: Interlivro, 1979. 317p.
WHITE, B. Studyng for Science. A guide to information, communication and study techniques. London: Chapman & Hall, 1991. 202p.
Leituras recomendadas
BARRASS, R. Os cientistas precisam escrever: Guia de redação para cientistas, engenheiros e estudantes. Trad. Leila Novaes e Leônidas Hegenberg. São Paulo: EDUSP, 1978. 218p.
OLIVEIRA, E. Todo mundo tem dúvida, inclusive você. Português. 2a. edição, Porto Alegre: Sagra, 1983. 180p.
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